domingo, 19 de junho de 2011

Jabutis já estão alfabetizados no Maranhão, diz censo do IBGE

Conhecidos no Maranhão por saberem ler, mas não conseguirem escrever, os famosos jabutis do Cacuriá de Dona Teté também foram alvo do recenseamento realizado em 2010 pelo IBGE em todo o Brasil. De acordo com o levantamento feito pelo órgão, mais de 80% dos répteis já estão alfabetizados, frequentando regularmente uma instituição de ensino. Para o presidente da Associação dos Jabutis do Maranhão, senhor Pedro Jabuti, esse índice não é nenhuma surpresa. "Fomos reconhecidos durante décadas como animais burros, sem nenhum nível cultural, mas isso felizmente mudou. Investimos em melhores condições educacionais para os filhos dos jabutis analfabetos para que em 10 anos tivéssemos esse nível de analfabetismo reduzido a quase zero. Ainda há muito o que fazer, mas esse já é um passo importantíssimo", disse Jabuti.

Além dos jabutis, outra espécie famosa nas manifestações culturais do cacuriá tem sido pesquisada. Trata-se do Jacaré-Poiô, um tipo raro de jacaré que sacode o rabo em apresentações folclóricas. De acordo com pesquisadores da Universidade Federal do Maranhão, o jacaré precisa de um acompanhamento cada vez maior por parte dos estudiosos devido ao alto índice de mortalidade desses animais a cada ano. "Eles morrem porque balançam o rabo diversas vezes durante uma apresentação. Ao final de uma noite, o cansaço torna-se inevitável e os bichos acabam falecendo", explicou o biólogo Sérgio Marinho.

Conhecida por contar e cantar a história de várias personalidades do povo, Dona Teté não se diz intimidada com as acusações. Para ela, o politicamente correto anda em voga nos dias atuais e uma reflexão ponderada deve ser feita nesses casos. "Fico feliz pelos jabutis, mas isso prejudica minha manifestação. Como vou poder cantar agora que "jabuti sabe ler, não sabe escrever, trepa no pau e não saber descer"? E sobre os jacarés? Eles sempre balançaram o rabo e nunca reclamaram sobre nada. Acho injusto e acredito que isso seja mais uma forma de desvalorizar nossa cultura local", desabafou a folclorista.

Pedro Jabuti diz reconhecer a importância cultural da brincadeira, mas questiona se uma adaptação nas letras não seria bem-vinda na atualidade. "'Trepa no pau' virou sinônimo de bullying em nossa classe. Quantos filhos de jabuti não chegam em casa arrasados com essa acusação. Acho que a Dona Teté deveria rever essas letras, inclusive dizendo que 'jabuti sabe ler, sabe escrever, sobe na árvore e não quer descer'", finalizou.

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